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sábado, 28 de maio de 2011

Eta professora porreta!



Precisamos de mais educadores com o senso crítico da professora Amanda e com a simplicidade e a coerência de sua fala. Ela silenciou uma plateia de deputados em uma audiência pública no Estado do Rio Grande do Norte, falando sobre a realidade do professor que se desdobra em três períodos para multiplicar um salário base de 930,00, realidade muito próxima a de outros estados brasileiros, além de falar sobre as dificuldades de transporte e alimentação que enfrenta a maioria dessa categoria.
Com inteligência e empunhando seu contra cheque, ela inicia seu discurso falando sobre o valor de seu salário, que possui três algarismos, e questiona os presentes da Casa se estes conseguiriam manter o seu padrão de vida com este valor por mês. Fala ainda que o MP considera desvio de merenda quando um professor se alimenta com a merenda escolar. São absurdos como esses que ela leva ao conhecimento do público e daqueles que compõe a Câmara de deputados do RN, e que são apenas algumas das dificuldades as quais milhares de professores enfrentam todos os dias no Brasil.
Vale a pena ver e comentar!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Merenda escolar: vergonha para nosso país



Enquanto arrumava o quarto da minha filha de 3 anos, ouvia o Bom dia Brasil reapresentando o caso do escândalo da merenda escolar, exibida no domingo pelo Fantástico. Escolas municipais da região do nordeste e centro-oeste e uma no interior de São Paulo, são algumas do nosso país que convivem com este problema vergonhoso da merenda escolar. São cardápios falsos, alimentos vencidos, mal armazenados (pela falta de lugar adequado), alimentos de baixa qualidade ( mais baratos fornecidos pelos licitantes), além de lugares onde a merenda é escassa.
Confesso que enquanto eu revia a notícia e arrumava as coisas da minha filha, não consegui conter as lágrimas. Chorei mesmo. Chorei de pensar em como seria se minha filha tivesse que estudar numa dessas escolas? O que ela seria obrigada a comer? E pensei em como vivem essas crianças que, muitas vezes, vão à escola para comer, porque em casa a família tem poucos recursos e nem sempre é possível fazer todas as refeições necessárias do dia!? Como uma criança vai aprender e como ela vai se desenvolver, comendo alimentos estragados? O que é pior?? Oferecer alimentos de péssima qualidade (onde o jornal mostrou crianças jogando fora pratos inteiros de comida) ou não oferecer nada e deixar as crianças com fome o restante do período de aula? Eu não sei responder isso.
Esse é o país da impunidade. A justiça funciona para os peixes pequenos. Os tubarões não são julgados e não pagam pelos seus crimes. Pagam de outra forma. Não pelas vias legais, pelo nosso código penal. Pagam propinas, isso sim. É o cheque cala-boca, ou a mala cala-boca cheia de dinheiro.
As prefeituras concedem licitação às empresas que superfaturam seus alimentos, que muitas vezes nem chegam às escolas. O dinheiro desviado vai para as contas desses políticos nojentos que o povo colocou no poder para representá-los.
Os nossos impostos são pagos. Se não o forem a Receita vem e toma algum bem adquirido através de trabalho honesto. Dos grandões, dos políticos nada é cobrado, nada é retirado para ser devolvido. Eles podem fazer a M... que quiserem, que nada lhes acontece. É o país da impunidade, como eu disse antes.
Os prefeitos enchem seus bolsos com o dinheiro que é nosso, que são das crianças nas escolas, que são dos doentes nos hospitais, que são dos cidadãos de bem que precisam de segurança nas ruas.
Chorei quando ouvi um menino dizendo que já encontrou barata na comida e outro que encontrou fio de cabelo.
Você que está lendo, deve estar se perguntando: mas isso nada tem a ver com o descaso político. Foi falta de higiene da merendeira ou falta de fiscalização do diretor escolar. Sim, concordo. Mas será que estas profissionais que trabalham como merendeiras receberam algum tipo de treinamento sobre como armazenar e preparar os alimentos adequadamente? O município disponibiliza toucas, frizzeres, locais adequados nos prédios das escolas para conservação da merenda? As merendeiras recebem treinamento para aprenderem a não disperdiçar os alimentos quando estes chegam às escolas? Investir nisso? Pra quê? Por que os políticos e seus protegidos gastariam dinheiro com isso? Não são os filhos deles que estão comendo comida estragada, não é?
Uma professora de Ciências dos alimentos da USP mostrou na matéria como fica barato um prato bem nutritivo para a criança na escola. Com 60 a 70 centavos é possível oferecer uma merenda saudável e nutritiva para os alunos.
Mas a questão é: porque a merenda de qualidade não chega aos pratos dos alunos? O problema não é o dinheiro, mas a vontade política.
Existe a vontade política de se dar bem. De afanar descaradamente o dinheiro da merenda escolar. Fazem isso porque os cidadãos (diretores de escolas, merendeiras e pais de alunos) estão engessados pelo medo de enfrentarem quem está no poder. Todos sabem que se fizerem barulho podem sofrer retaliação. Merendeiras podem perder seu emprego, diretores podem ser substituídos, e pais de alunos podem ser tratados com indiferença. Mas está na hora de acordarmos e nos fazermos ouvir.
Está na hora de a justiça funcionar para todos: sejam ricos, pobres, influentes, anônimos...
Sorte da minha filha por termos condições de oferecer a ela uma educação (paga) de qualidade e alimento adequado ao seu crescimento. A escola pública, que deveria ser de qualidade, não o é. E não só sob o aspecto da merenda, mas de recursos pedagógicos e de profissionais valorizados e bem remunerados.
Eu saio da minha zona de conforto e me entristeço profundamente com a realidade dessas crianças e fico indignada com a falta de punição a esses políticos que não têm vergonha na cara de roubar comida de inocentes. Crianças que têm o mesmo direito que a minha filha tem: de serem tratadas com respeito e dignidade.